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quinta-feira, 20 de março de 2014

A epístola de Tito e a tradução da SBB

COMENTÁRIO CRÍTICO MANUSCRITOLÓGICO

DE

TITO

Por Prof. Moisés C. Bezerril

A NATUREZA DESTE TRABALHO

A proposta deste trabalho é de ser um manual prático, objetivo e simples na compreensão das dificuldades contidas no texto grego da epístola de Tito. Na verdade, os comentários reunidos aqui, foram direcionados para trabalhos exegéticos strictu sensu, com o objetivo também de disponibilizar informações importantes para o fiel pregador da epístola.
O material disponível nestes comentários consiste num auxílio prático para os pregadores que precisam de uma resposta rápida no preparo de seus estudos bíblicos e sermões, ao se depararem com as tradicionais dificuldades manuscritológicas da epístola de Tito.

COMO USAR ESTE MATERIAL CRÍTICO

Este comentário manuscritológico destina-se ao uso exclusivo com o aparato crítico do NA27. Todos os comentários aplicam-se tão somente às leituras variantes positivas e negativas comentadas pela comissão do NA27.


 SUA JUSTIFICATIVA

Este trabalho justifica-se pela necessidade de respostas ao debate manuscritológico em Tito. Qualquer pregador da palavra de Deus deverá dar respostas à igreja pelas dificuldades causadas devido às diferenças entre as várias versões do Novo Testamento disponíveis em língua portuguesa

METODOLOGIA UTILIZADA NESTE TRABALHO

Neste trabalho não procuramos seguir qualquer linha manuscritológica sobre a identidade a identidade do Novo Testamento, adotando a perspectiva de que perderíamos muito se defendêssemos um ponto de vista em detrimento do outro. Todos os documentos do Novo Testamento têm seu valor para o trabalho de reconstrução do texto original. Em certas passagens alguns são prioritários sobre os outros em termos de data; em outras, a evidência interna é quem determinará o texto a ser seguido, não sendo respeitado qualquer tipo de discriminação ou rejeição de documentos do texto sagrado.
         Em alguns lugares do texto bíblico, o autor deste trabalho segue orientação oposta à comissão do NA27, por entender que, a interpretação manuscritológica, naqueles locais, não atende às exigências de uma a análise rigorosa.
         Este trabalho não pretende ser exaustivo, mas apenas uma incitação ao debate acadêmico em baixa crítica do Novo Testamento.


A EPÍSTOLA DE TITO

         A epístola de TITO faz parte de um conjunto de três epístolas (I e II Timóteo, Tito) intituladas de Cartas Pastorais. Tais escritos receberam essa designação no século XVIII, por D.N. Bernot e seguido por Paul Anton[1]. Seu conteúdo é de natureza disciplinar eclesiástica que preocupa-se com a situação espiritual da igreja. Chama-se de Pastorais porque foram dirigidas a Tito e Timóteo, os quais tinham funções pastorais, e foram designados para nomear e ordenar outros oficiais. Pela unidade da doutrina apresentada nas três, elas foram um conjunto harmonioso de regras para a vida da igreja.


EVIDÊNCIAS EXTERNAS DE PRIMEIRA ORDEM


         São manuscritos considerados mais importantes para a identidade original do texto de Tito. A comissão do NA27 adotou para a epístola de Tito os seguintes manuscritos:


P32 (!), P6

a A C D F G H I Y 048 088 0240
0278

33 1739 1881
  

DIFERENÇAS ENTRE O NA25 E O NA27 EM TITO


A comissão do NA27 fez apenas duas mudanças no texto do aparatus do NA25 para o NA27 em Tito 2:3 e 3:9, as quais serão comentadas no corpo deste trabalho.
         Isso indica que a epístola a Tito não possui muita dificuldade em estabelecer-se seu possível texto original.



LOCAIS DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS TEXTUAIS EM TITO


Capítulo 1

Versos   1, 2, 4, 5, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16

Capítulo 2

Versos   3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15

Capítulo 3

Versos   1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 10, 13, 15


COMENTÁRIO DO APARATUS CRÍTICO DO NA27
 NA EPÍSTOLA DE PAULO A TITO 

Tito 1:1
PauloV douloV qeou apostoloV de  Ihsou Cristou kata pistin eklektwn qeou kai epignwsin alhqeiaV  thV kat eusebeian.

      Apenas uma inversão dos termos da expressão Ihsou Cristou/ é configurada nos manuscritos recentes 629 e 1175, em alguns manuscritos da antiga latina (a e b), alguns da vulgata, apenas um da Siríaca e em Ambrósio, e a substituição da mesma expressão pelo termo Cristou em D*.
É evidente que as fórmulas apostoloV   Ihsou Cristo   e apostoloV Cristou Ihsou são usadas por Paulo uma pela outra em todas as suas epístolas. Certamente, algum escriba quis dar um único formato às fórmulas paulinas encontradas em I e II Timóteo com a de Tito.

Tito 1:2
ep elpidi zwhV aiwniou hn ephggeilato o ayeudhV qeoV pro cronwn aiwniwn.

        A preposição ep é substituída por en em F, G H, 365, e mais alguns manuscritos sem muita importância, e ausente no 33 e alguns poucos.
         A evidência externa para esta variante é muito recente.
         Quanto a sua evidência interna, ep é mais razoável por causa do emprego do termo do verbo ephggeilato. Os crentes esperam “sobre” (ep) a promessa, e nãodentro” (en) da promessa.

TITO 1:4
Titw gnhsiw teknw kata koinhn pistin cariV kai eirhnh apo qeou   patroV kai Cristou Ihsou tou swthroV hmwn

         Neste texto temos uma tradicional tentativa da unificação da fórmula             cariV eleoV  eirhnh apo qeou/ de I e II Timóteo com temos cariV  kai eirhnh de Tito.
         A evidência externa para esta unificação deve-se, na sua maioria, à tradição bizantina, a qual é responsável por tentar harmonizar Tito com I e II Timóteo, sem levar em conta que, mesmo sendo uma carta pastoral como são as cartas a Timóteo, Tito tem características sui generis, as quais devem ser consideradas, e que foram muito desrespeitadas pelos copistas.
  
TITO 1:5
Toutou carin apelipon se en Krhth ina ta leiponta epidiorqwsh  kai katasthshV kata polin presbuterouV wV egw soi dietaxamhn

      No versículo 5 as variantes apelipon e apeleipon têm, basicamente, o mesmo apoio manuscritológico, sendo que os testemunhos mais antigos dão suporte a apelipon . Mesmo que as variantes katelipon e kateleipon tenham apoio da tradição bizantina e de uns poucos manuscritos recentes, ainda assim seria improvável o emprego destes termos no verso 5, pois o verbo kateleipow aplica-se muito mais a “abandono” do que a “deixar”, sendo este último o sentido exigido pelo texto.
         Ainda no verso 5, os testemunhos mais antigos como a C, 0240, 088, 33, D 1739, e a tradição bizantina dão sustento manuscritológico a epidiorqwsh|; enquanto epidiorqwshV tem pouco apoio de alguns manuscritos recentes, excetuando-se o códice A.   É possível que  epidiorqwshV seja uma correção da forma média de epidiorqwsh na tentativa de interpretar “as coisas restantes” como sendo nada que Tito tivesse proveito particular (o que sugere o aoristo médio).

TITO 1:9
antecomenon tou kata thn didachn pistou logou ina dunatoV
h kai parakalein en th didaskalia thu giainoush kai touV
antilegontaV elegcein

         No verso 9 temos apenas o códice A sustentando a substituição de en th didaskalia th ugiainoush pela expressão touV em pash qliyei. É possível que o escriba fez a mudança de “exortar pelo ensino sãoparaencorajar aqueles em todas em todas as tribulaçõespor causa do verbo parakalein. Fica evidente que este verbo compõe um período que trata de “exortar”, e nãoencorajarouconfortar” (o que pode ser claramente visto pela expressão kai touV antilegontaV elegcein
         Ainda no verso 9 o manuscrito 460, do século XIII trás uma enorme variante sem apoio relevante.

TITO 1:10
Eisin gar polloi kai anupotaktoi mataiologoi kai frenapatai      malista oi ek thV peritomhV

         No verso 10 a conjunção kai que era omitida no NA25, agora é inclusa no NA27, mesmo havendo um bom número de testemunhos antigos contra tal variante. Poucos manuscritos recentes e bizantinos dão sustento a esta variante. A razão para incluir esta variante deve ser tão somente advinda das considerações das evidências internas (kai é conectivo entre o verso 9 e 10). Ainda no verso 10 o artigo thV tem um bom apoio manuscritológico antigo, enquanto é omitido pela tradição bizantina. Com base nas evidências internas, o uso de thV seria obrigatório, tendo em vista que Paulo está fazendo referência definida ao movimento da circuncisão.

TITO 1:11
ouV dei epistomizein oitineV olouV oikouV anatrepousin didaskonteV a mh dei aiscrou kerdouV carin

         O verso 11 tem apenas um acréscimo no manuscrito 460 (séc XIII) ta tekna oi touV idioV goneiV ubrizonteV h tuptonteV apistomize kai elegce kai nouqetei wV pathr tekna.  


TITO 1:12
eipen tiV ex auvtwn idioV autwn profhthV KrhteV aei yeustai kaka qhria gastereV argai

         No verso 12 apenas a preposição de é acrescentada antes de tiV ex autwn idioV autwn profhthV por a* F G 81 e poucos manuscritos menos importantes; por outro lado o manuscrito 103 acrescenta no mesmo lugar a conjunção gar. De acordo com as evidências internas, nenhuma dessas conjunções caberia dentro do argumento do apóstolo, e soariam como um péssimo grego.

TITO 1:13
h marturia auth estin alhqhV diV hn aitian elegce autouV apotomwV ina ugiainwsin en th pistei.

         Neste verso, o manuscrito a* e mais uns poucos omitem a preposição en, resultando a expressão th pistei em um dativo instrumental que deveria ser traduzido porsadios pela ”, o que ficaria sem sentido, pois o instrumento citado pelo apóstolo é a repreensão, e não a .

TITO 1:14
mh proseconteV IoudaikoiV muqoiV kai entolaiV anqrwpwn apostrefomenwn thn alhqeian

         Os manuscritos bizantinos F e G trazem entalmosin no lugar de entolaiV enquanto os manuscritos 075, 1908 e mais uns poucos de menor importância empregam o termo genealogiaV, está sendo praticamente insustentável. Quanto ao emprego de entalmosin é improvável, pois Paulo está falando de “mandamentos de homens”, e não de “princípios de homens”, pois ele está fazendo referência “aos da circuncisãoque eram peritos em criar leis e mandamentos (entolaiV).

TITO 1:15
panta kaqara toiV kaqaroiV toiV de memiammenoiV kai apistoiV ouden kaqaron alla memiantai autwn kai o nouV kai suneidhsiV

         No verso 15, contrariamente à decisão da comissão do NA27, é mais provável que men tenha sido empregado originalmente antes de kaqara, o que é sustentado pelos corretores a² e e pela tradição bizantina. A evidência externa para a omissão de men, em sua maioria, não é tão antiga, tendo apenas a* como o mais antigo, e A, C E D*. Como o texto de a tem uma correção, sua leitura original é discutível.
         A ausência de papiros nos faz recorrer às evidências internas, as quais dão sustento a inserção de men, por considerar o texto como um período de fortes contrastes, o que exige a presença do conjunto men..de.
  

TITO 1:16
qeon omologousin eidenai toiV de ergoiV arnountai bdeluktoi onteV kai apeiqeiV kai proV pan ergon agaqon adokimoi

         A conjunção kai é omitida nas citações de Ambrósio e no a*, enquanto que agaqon está ausente em a* e no 81. Essas variantes não trazem nenhuma dificuldade para termos certeza de que o texto original, por suas evidências internas exige a presença dos dois termos; do contrário a frase fica sem sentido.

TITO 2:3
presbutidaV wsautwV en katasthmati ieroprepeiV mh diabolouV mh oinw pollw dedoulwmenaV kalodidaskalouV

         O termo ieroprepeiV (acusativo) é substituído pelo dativo ieroprepei/ em C, 33, 81, 104 e uma minoria oposta à tradição bizantina, bem como a totalidade dos latinos, a siríaca peshito, a copta saídica e em Clemente. Pelas evidências internas podemos constatar que esta troca consiste num erro gramatical cometido pelos escribas que tentaram fazer a concordância dos dativos katasthmati ieroprepei ao invés da concordância dos acusativos presbutidaV ieroprepeiV. Desde o verso 2, Paulo costuma usar os adjetivos sempre concordando em caso, gênero e número com presbutidaV  o que, dificilmente seria diferente em relação ao mesmo termo no verso 3.
         Ainda no verso 3 encontramos a discussão em torno de mhde. Há forte evidência externa que fundamenta a variante mh (a² D, F, G, H, Y, 33, Byz, latt, syrh, Cl) contra mhde (a* A, C, 81, 1739, 1881, pc, syrP). Mesmo que essa última possua poucos manuscritos mais antigos como suporte, ainda assim, esta variante é duvidosa, pois o escriba buscou aumentar o termo, bem como o texto, gramaticalmente não suporta a presença de mhde. Possivelmente, essa é a razão pela qual o NA27 discorda do NA25.

TITO 2:4
ina swfronizwsin taV neaV filandrouV einai filoteknouV

         Mesmo que tenhamos a como testemunho mais antigo para a leitura do indicativo swfronizousin, ainda assim é muito improvável que este seja o texto pretendido pelo apóstolo, pois a presença da conjunção ina elimina qualquer possibilidade do indicativo.


TITO 2:5
swfronaV agnaV oikourgouV agaqaV upotassomenaV toiV idioiV andrasin ina mh o logoV tou qeou blasfhmhtai

         Os manuscritos a², D², H, 1739, 1881, Byz, e Cl preferem a leitura oikouroujdomésticaou simplesmente “as que ficam em casa”. Os manuscritos a*A, C, D*, F, G, I, Y, 33 81 e pc dão sustento a oikourgouV, “as que trabalham em casa”. O léxico em língua portuguesa da editora Vida Nova refere-se aos dois termos como sendo usado um pelo outro, tanto no Novo Testamento como no texto de Tito 2:5. Essa afirmação é errônea, e baseia-se numa disputa não resolvida por parte de alguns autores que preferem incluir tais termos como possíveis leituras no texto. Com base nas evidências externas, o suporte mais antigo é para oikourgouV. As evidências internas do texto também apontam para esta variante, tendo em vista que as recomendações paulinas são para mulheres que trabalham no lar, ordenando-lhes que façam isso muito bem.
         Ainda no versocódice C e uns poucos manuscritos, juntamente com um único manuscrito da Vulgata e a Siríaca Heracleana trazem o acréscimo de kai h didaskalia que não tem muito peso para a crítica textual moderna. É evidente que o escriba utilizou-se de I Tm 6:1 para o emprego desta variante. Esta prática é muito comum no processo de compilação dos documentos originais de Tito.


TITO 2:7
peri panta seauton parecomenoV tupon kalwn ergwn en th didaskalia afqorian semnothta.

         Além da evidência externa ser muito fraca para o suporte das variantes de panta seauton, as evidências internas demonstram sérias objeções, as quais eliminam qualquer possibilidade de alguma delas fazerem parte do texto original. Vejamos:

pantaV eauton
O escriba usa a terceira pessoa quando deveria ser a Segunda, e emprega o acusativo plural quando deveria empregar o singular;
panta eauton
O escriba emprega erroneamente a terceira pessoa;
pantaV seauton
O escriba emprega erroneamente o acusativo plural;
pantwn seauton
O escriba emprega erroneamente o genitivo plural. Esta variação ainda poderia ser uma possibilidade no texto de Tito, mas não tem apoio da evidência externa.

         Outra discussão do verso 7 é quanto às variantes de afqorian que são elas:

adiafqorian
         Consiste de uma variante muito recente e aplica-se ao aspecto moral, e não seria consistente aplicá-la a ensino, como é o caso do texto de Tito;

afqonian
Mesmo tendo um papiro (p³²) a seu favor, esta variante consiste em um erro visual que certamente foi transmitido para outros documentos mais recentes. O significado desta variante (“liberdade de inveja”) jamais faria sentido no texto de Tito.

afqarsian
A inserção desta variante foi um ato deliberado do escriba, pois este termo não faz sentido no contexto de Tito 2:7, tendo em vista que é mais um termo teológico da escatologia paulina. Esta variante é notoriamente uma variante de origem bizantina. Sua evidência externa é muito recente.

TITO 2:8
logon ugih akatagnwston ina o ex enantiaV entraph mhden ecwn legein peri hmwn faulon

         Em alguns manuscritos (A, pc, a, vgmss) o termo hmwn é substituído por umwn, o que possivelmente foi um erro auditivo, tendo em vista que Paulo não estava tratando com um grupo, e sim com Tito.

TITO 2:9
doulouV idioiV despotaiV upotassesqai en pasin euarestouV einai mh antilegontaV

         Tendo em vista a transposição verificada dos documentos A, D, P, 326, 1739, 1881 e alguns poucos sem muita relevância, e notando a sua modernidade em relação à escrita vista no texto, defendida por a, C, F, G, Y, e Mj, constata-se a superioridade da opção textual no NA27 tanto pela antiguidade quanto pela quantidade de testemunhos a seu favor.
         No contexto do verso, a probabilidade maior, a qual é exigida pela lógica do argumento, é que idioiV seja empregado com função atributiva, o que exigiria a ordem idioiV despotaiV.
         Há ainda no mesmo verso uma conjectura de pontuação diferente do texto adotado pela comissão, que sugere o emprego de uma vírgula no seguinte local:
upotassesqai,  en pasin. Este emprego da vírgula é uma incoerência, pois não seria uma ordem dada a escravos.

TITO 2:10
mh nosfizomenouV alla pasan pistin endeiknumenouV agaqhn ina thn didaskalian thn tou swthroV hmwn qeou kosmwsin en pasin

         Este verso de Tito possui uma seqüência de sete variantes:

1       mhde em C², D*, F, G, 33, pc syp
2       pasan endeiknumenouV pistin agaqhn em F, G
3       pasan agaqhn pistin endeiknumenouV agaqhn em 629
4       pistin pasan endeiknumenouV agaqhn em Y e Mj
5       pasan endeiknumenouV agaqhn em a*
6       pasan pistin endeiknumenouV agaqhn em 33
7       thn didaskalian tou swthroV em 1739, 1881, Mj

·       Quanto à variante 1, o escriba empregou  mhde para não repetir mh no verso 10, mas fazendo isto incorreu num erro gramatical, pois o segundo  mh (no v. 10) contrasta com alla, e não com mh no verso 9. Sua evidência externa é muito recente.
·       Quanto às variantes 2, 3, e 4, a evidência externa é muito fraca e recente, não tendo apoio de documentos importantes.
·       Quanto às variantes 5 e 6, elas constituem erros importantes. Em a*o escriba deixou a frase sem sentido quando suprimiu pistin; e no 33 o escriba cometeu dois erros ao suprimir pistin  e ao acrescentar agaqhn (o que possivelmente foi um erro auditivo).
·       Quanto à variante 7, a omissão do artigo thn muda completamente a compreensão da expressão “a doutrina, a que é de Deus” (thn didaskalian thn touqeou), para “a doutrina de Deus(thn didaskalian tou qeou). Com a ausência do artigo, Paulo estaria tratando apenas de teontologia; mas é evidente que o apóstolo refere-se a toda a revelação de Deus. A evidência externa nãosuporte muito importante a esta variante.

Tito 2:11
Epefanh gar h cariV tou qeou swthrioV pasin anqrwpoiV

         A evidência externa indica que a variante swthroV é a mais antiga de todas, embora esteja em um manuscrito com correção. É possível que o escriba tenha acrescentado  i  na variante  swthroV.
A suspeita de que houve alguma melhoria na variante swthroV é que a variação dela (swthrioV) é uma variante Bizantina. O adjetivo swthroV é mais usado em Paulo para qualificar qeoV, do que cariV. Isso podemos deduzir do próprio contexto de Tito 2, no qual encontramos a expressão θεou swthroV em 1: 3, 4; 2: 10, 13; 3: 4, dando a entender que o Apostolo Paulo, possivelmente, usa swthroV para enfatizar o atributo salvador do Pai e do Filho, e nunca da graça. Uma prova disso é que a expressão swthroV qeoV ou  qeoV swthroV ocorre nas pastorais por oito vezes, e nenhuma com swthroV.

Tito 2:13
prosdecomenoi thn makarian elpida kai. epifaneian thV doxhV tou megalou qeou kai swthroV hmwn Ihsou Cristou

             Embora a evidência externa seja fraca para determinar a melhor variante como sendo Iesou Cristou - pois os documentos são tardios e Bizantinos (a 2 A C D y 0278, 33.1881.  M bat Sg; Cl Lf Ambst Epiph) -  a evidência interna indica que essa variante é o texto original do apóstolo Paulo, pelo fato de podermos encontrá-la 23 vezes nas epístolas pastorais (dez vezes em I Tm;  onze vezes em 2 Tm; e duas vezes em Tt). O estilo paulino é Ιησοῦ Χριστου nas pastorais.

Tito 2:15
Tauta  lalei kai. parakalei kai elegce meta pashj epitaghV mhdeiV sou perifroneitw

              Quanto a variante didaske, encontrada apenas no códice Alexandrino, sua evidência documental não é suficiente para credenciá-la como uma leitura original. Já no caso da variante katafponeitw. A evidência externa é de segunda ordem, limitada apena ao códice (025) P e em poucos manuscritos de pouco valor documental que diferem da tradição Bizantina. Os dados apontam para o fato de que o verbo katafponew é paulino (Rm. 2.4; 1 Cor. 11.22; 1 Tm. 4.12, 6.2), enquanto perifronew aparece unicamente (segundo NA27) em Tito 2.15. Como não provas de que uma variante, é mais seguro sugerir que a evidência externa é decisiva em determinara a originalidade de perifronew .

Tito 3:1
Upomimnh|ske auvtouV arcaiV exousiaiV upotassesqai peiqarcein proV pan ergon agaqon etoimouV einai

         Este texto nos apresenta duas possíveis leituras. A primeira com a adição da conjunção kai, variante caracteristicamente bizantina. A segunda omite kai, tornando arcaiς exousiaiς como um único grupo. Esta última se firma no argumento de que Paulo, por não ter empregado kai após os infinitivos seguintes do mesmo texto, possivelmente não a empregou também entre arcaiς exousiaiς dando-nos a entender que o apóstolo pretendia dizer “aos que governam as autoridades”. Embora à evidência externa aponte a leitura arcaiς exousiaiς como sendo a mais antiga, é provável que Paulo não a tenha empregado.
         A leitura original parece ter sido arcaiς kai exousiaiς, pois encontramos essa variante em Ef. 3.10 e Col. 2.15, embora essas duas ocorrências se apliquem a forças espirituais. É possível, pois, que o escriba tenha acidentalmente omitido a conjunção kai na variante arcaiς kai exousiaiς na hora em que estava transcrevendo o texto.
         Quanto às variantes de substituição kai peiqarcein  e peiqarcein  kai  não há evidência externa ou interna confiável que Paulo não tenha empregado a conjunção kai  nessas variantes.

Tito 3:3
Hmen gar pote kai hmeiV anohtoi apeiqeiV planwmenoi douleuonteV epiqumiaiV kai h`donaiV poikilaiV en kakia kai fqonw diagonteV stughtoi misounteV allhlouV

         A inserção de kai neste texto é improvável, tendo em vista que Paulo, aqui, parece está listando as perversões gentílicas de quando ele e todos os outros crentes inda não tinham sido transformados pelo evangelho.
         Apenas um manuscrito grego de primeira ordem sustenta a inserção, apoiado pela tradição latina.

Tito 3:5
ouk ex ergwn twn en dikaiosunh a epoihsamen hmeiV alla kata to autou eleoV eswsen hmaV dia. loutrou paliggenesiaV kai. anakainwsewV pneumatoV agiou

              A variante wn é, indubitavelmente uma variante bizantina. Não há qualquer documento antigo que sustente tal variante, a não ser a própria tradição bizantina. O estilo bizantino pode ser percebido no tipo de conexão gramatical detalhada, no qual o conector está preocupado com a concordância do pronome relativo wn com o substantivo ergwn, ambos no genitivo plural. Este tipo de conexão é caracteristicamente bizantino, não podendo corresponder ao texto original.
         Quanto ao de dea, a evidência interna não esclarece, sendo possível o emprego dessa preposição, embora indubitavelmente a evidencia externa o reprove.     

Tito 3:7
ina dikaiwqenteV th ekeinou cariti klhronomoi genhqwmen kat elpida zwhV aiwniou

         A dificuldade com as variantes genhqwmen e genwmeqa é saber se a variante desse texto baseada em motivação teológica. Enquanto genhqwmen dá ênfase a não participação do homem na benção de tornar-se um herdeiro, genwmeqa aponta na direção arminiana, na qual o homem é participante ativo na aquisição do titulo de herdeiro. Como a variante genwmeqa  é bizantina, e recente, é bem provável que estejamos diante de uma variante teológica. A melhor leitura, portanto, é genhqwmen, sustentado por uma evidencia textual mais antiga.   

Tito 3:8
PistoV o logoV kai peri toutwn boulomai se diabebaiousqai ina frontizwsin kalwn ergwn proistasqai oi pepisteukoteV qew  tauta estin kala kai wfelima toiV anqrwpoiV

         A variante ta é uma variante bizantina. É de natureza teológica, com a qual os escribas bizantinos tentaram dar um grau de importância maior às coisas referidas por Paulo no capitulo 3: 1-7. Pela evidencia externa não há documentos antigos que deem sustentação a esta variante, sendo a mesma encontrada apenas em documentos bizantinos posteriores ou recentes. Além disso, é duvidoso que Paulo tenha selecionado apenas as coisa referidas em 3: 1-7 como sendo os únicos e úteis para a vida cristã, considerando uma lista muito maior nas suas epistolas pastorais.  

Tito 3.9
mwra.V de zhthseiV kai genealogiaV kai ereiV kai. macaV nomikaV periistaso eisin gar anwfeleiV kai mataioi

            Temos aqui duas variantes de substituição. A primeira delas, logomaciaV encontrada apenas nos manuscritos F e G, é, claramente, uma harmonização com 1 Tm. 6.4, não sendo a leitura original. A segunda variante sugere que algum escriba tenha adicionado ereiV, plural, para concordar com as outras palavras antes e depois, que também estão no plural. Isso é improvável, pois, ao escrever sua carta, Paulo usaria termos mais abrangentes, que por sua vez teriam que ser no plural. A evidência externa para ereiV é esmagadora, embora erin esteja no manuscrito mais antigo corrido, a*. Portanto ereiV tem mais sustentação para ser a leitura original.
  
Tito 3.10
airetikon anqrwpon meta. mian kai deuteran nouqesian paraitou
                                                                 
         A variante predominante neste texto é de ordem das palavras, com pouca evidência externa em desacordo com a tradição do NA27. Embora os pais da igreja (Irineu, Tertuliano, Cipriano e Ambrosio) tenham feito opção por apenas uma advertência do homem faccioso, as tradições manuscritológicas mais antigas trazem a ideia de que Paulo ordena duas admoestações, o que é largamente defendido pelas tradições manuscritológicas mais antigas, incluindo a tradição bizantina. A evidência externa é esmagadora, embora não tenhamos um texto bíblico de Paulo além de Tito 3: 10 que o fundamente mais ainda.

Tito 3.13
Zhnan ton nomikon kai Apollwn spoudaiwV propemyon ina mhden autoiV leiph
         È possível que a variante pretendida por Paulo tenha sido leiph (presente do subjuntivo) pelas seguintes razões: O escriba poderia ter alterado leiph por liph da seguinte maneira:       
1. O e poderia esta em péssimo estado, de tal maneira que o escriba se deteve apenas no i.
2. O escriba pode ter saltado mentalmente do l para o i, esquecendo o e;
3. Possivelmente a mente paulina de visão missionária estivesse pensando em um “estado” de suprimento das necessidades dos enviados, e não apenas de um momento de necessidade suprida; isso requereria o emprego do presente subjuntivo, e não o aoristo.
4. A evidência externa da pouca fundamentação ao aoristo subjuntivo.






[1] Carson, Moo e Morris, Introdução ao N.T.

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