DE
TITO
Por Prof. Moisés C. Bezerril
A
NATUREZA DESTE TRABALHO
A proposta deste trabalho
é de ser um manual prático, objetivo e simples na compreensão das dificuldades
contidas no texto grego da epístola de Tito. Na verdade, os comentários reunidos
aqui, foram direcionados para trabalhos exegéticos strictu sensu, com o objetivo também de disponibilizar informações
importantes para o fiel pregador da epístola.
O material disponível
nestes comentários consiste num auxílio prático para os pregadores que precisam
de uma resposta rápida no preparo de seus estudos bíblicos e sermões, ao se
depararem com as tradicionais dificuldades manuscritológicas da epístola de
Tito.
COMO
USAR ESTE MATERIAL CRÍTICO
Este comentário manuscritológico destina-se ao uso
exclusivo com o aparato crítico do NA27. Todos os comentários
aplicam-se tão somente às leituras variantes positivas e negativas comentadas
pela comissão do NA27.
SUA JUSTIFICATIVA
Este trabalho
justifica-se pela necessidade de respostas ao debate manuscritológico em Tito.
Qualquer pregador da palavra de Deus deverá dar respostas à igreja pelas
dificuldades causadas devido às diferenças entre as várias versões do Novo
Testamento disponíveis em língua portuguesa
Neste trabalho não
procuramos seguir qualquer linha manuscritológica sobre a identidade a
identidade do Novo Testamento, adotando a perspectiva de que perderíamos muito
se defendêssemos um ponto de vista em detrimento do outro. Todos os documentos
do Novo Testamento têm seu valor para o trabalho de reconstrução do texto
original. Em certas passagens alguns são prioritários sobre os outros em termos
de data; em outras, a evidência interna é quem determinará o texto a ser
seguido, não sendo respeitado qualquer tipo de discriminação ou rejeição de
documentos do texto sagrado.
Em
alguns lugares do texto bíblico, o autor deste trabalho segue orientação oposta
à comissão do NA27, por entender que, a interpretação
manuscritológica, naqueles locais, não atende às exigências de uma a análise
rigorosa.
Este
trabalho não pretende ser exaustivo, mas apenas uma incitação ao debate
acadêmico em baixa crítica do Novo Testamento.
A
EPÍSTOLA DE TITO
A
epístola de TITO faz parte de um conjunto de três
epístolas (I e II Timóteo, Tito)
intituladas de Cartas Pastorais . Tais
escritos receberam essa designação no século XVIII, por
D.N. Bernot e seguido por Paul Anton[1]. Seu conteúdo é
de natureza disciplinar
eclesiástica que
preocupa-se com a situação
espiritual da igreja .
Chama-se de Pastorais porque foram dirigidas a Tito e Timóteo, os quais tinham funções
pastorais , e foram designados para nomear e ordenar
outros oficiais .
Pela unidade
da doutrina apresentada nas três , elas
foram um conjunto
harmonioso de regras
para a vida
da igreja .
P32 (!), P6
a A C D F G H I Y 048 088 0240
0278
33 1739 1881
A comissão do NA27 fez apenas
duas mudanças no texto do aparatus do NA25 para o NA27 em Tito 2:3 e
3:9, as quais serão
comentadas no corpo deste trabalho .
COMENTÁRIO
DO APARATUS CRÍTICO DO NA27
NA EPÍSTOLA DE PAULO A TITO
Tito
1:1
É
evidente que as fórmulas apostoloV Ihsou Cristo e apostoloV Cristou Ihsou são usadas por
Paulo uma pela outra
em todas as suas
epístolas . Certamente ,
algum escriba
quis dar um único formato
às fórmulas paulinas encontradas em I e II Timóteo com
a de Tito.
Tito
1:2
ep elpidi zwhV aiwniou hn ephggeilato
o ayeudhV qeoV pro cronwn aiwniwn.
A preposição ep é substituída por en em F, G H, 365, e mais
alguns manuscritos
sem muita
importância , e ausente
no 33 e alguns
poucos .
A evidência externa
para esta variante é muito recente .
TITO 1:4
Titw gnhsiw te knw
kata koinhn pi stin cariV kai eirhnh apo
qeou patroV kai Cristou Ihsou tou swthroV
hmwn
Neste texto temos uma tradicional tentativa
da unificação da fórmula cariV eleoV eirhnh apo
qeou/ de I e II Timóteo com temos cariV kai eirhnh de Tito.
A evidência externa
para esta unificação
deve-se, na sua maioria ,
à tradição bizantina ,
a qual é responsável
por tentar harmonizar Tito com I
e II Timóteo, sem levar
em conta que , mesmo
sendo uma carta pastoral
como são
as cartas a Timóteo, Tito tem características sui
generis, as quais devem ser consideradas, e que
foram muito desrespeitadas pelos copistas .
TITO 1:5
Toutou carin apelipon se en Krhth ina ta lei ponta
epidiorqwsh kai katasthshV kata polin
presbuterouV wV egw soi dietaxamhn
No versículo 5 as variantes
apelipon e apeleipon têm, basicamente, o mesmo
apoio manuscritológico, sendo que
os testemunhos mais
antigos dão suporte
a apelipon . Mesmo que as variantes katelipon e kateleipon tenham apoio
da tradição bizantina
e de uns poucos manuscritos
recentes , ainda
assim seria improvável
o emprego destes termos
no verso 5, pois
o verbo kateleipow aplica-se muito
mais a “abandono ”
do que a “deixar ”,
sendo este último
o sentido exigido pelo
texto .
TITO
1:9
antecomenon tou kata thn didachn pistou logou ina
dunatoV
h kai para kalein en th
didaskalia thu giainoush kai touV
antilegontaV elegcein
No verso 9
temos apenas o códice
A sustentando a substituição de en th didaskalia th ugiainoush pela expressão touV em pash
qliyei. É possível que o escriba
fez a mudança de “exortar
pelo ensino são ” para “encorajar
aqueles em
todas em todas as tribulações ”
por causa do verbo parakalein.
Fica evidente que
este verbo
compõe um período
que trata
de “exortar ”, e não
“encorajar ” ou
“confortar ” (o que
pode ser claramente
visto pela
expressão kai touV antilegontaV elegcein
TITO 1:10
Eisin gar polloi kai anupotaktoi
mataiologoi kai frenapatai malista oi ek thV peritomhV
No verso
10 a conjunção kai que era omitida no NA25, agora é inclusa
no NA27, mesmo havendo um bom
número de testemunhos
antigos contra
tal variante .
Poucos manuscritos
recentes e bizantinos
dão sustento a esta variante .
A razão para incluir esta variante deve ser tão somente advinda das considerações
das evidências internas (kai é conectivo entre o verso 9 e 10). Ainda
no verso 10 o artigo
thV tem um bom apoio manuscritológico antigo , enquanto
é omitido pela tradição
bizantina . Com
base nas evidências
internas, o uso de thV seria obrigatório , tendo em
vista que
Paulo está fazendo referência definida ao movimento
da circuncisão .
TITO
1:11
ouV dei epistomizein oi tineV olouV oi kouV
anatrepousin didaskonteV a mh dei aiscrou kerdouV carin
O verso
11 tem apenas um
acréscimo no manuscrito
460 (séc
XIII) ta
tekna oi touV idioV goneiV ubrizonteV h tuptonteV apistomize kai elegce kai
nouqetei wV pathr tekna.
TITO
1:12
No verso
12 apenas a preposição
de é
acrescentada antes de tiV ex autwn idioV
autwn profhthV por
a* F G 81 e poucos manuscritos
menos importantes ;
por outro
lado o manuscrito
103 acrescenta no mesmo lugar a conjunção
gar. De acordo com
as evidências internas, nenhuma dessas conjunções caberia dentro
do argumento do apóstolo ,
e soariam como um
péssimo grego .
TITO
1:13
h marturia auth estin alhqhV diV hn aitian elegce autouV apotomwV ina ugiainwsin en
th pi stei.
Neste verso ,
o manuscrito a* e mais uns poucos
omitem a preposição en, resultando a expressão th pi stei em
um dativo
instrumental que deveria ser
traduzido por “sadios
pela fé ”,
o que ficaria sem
sentido , pois
o instrumento citado pelo
apóstolo é a repreensão ,
e não a fé .
TITO 1:14
mh proseconteV
IoudaikoiV mu qoiV kai entolaiV anqrwpwn apostrefomenwn thn alhqeian
Os manuscritos
bizantinos F e G trazem entalmosin no lugar de entolaiV enquanto os manuscritos
075, 1908 e mais uns poucos
de menor importância
empregam o termo genealogiaV, está sendo praticamente insustentável .
Quanto ao emprego
de entalmosin é improvável , pois Paulo está falando de “mandamentos
de homens ”, e não
de “princípios de homens ”,
pois ele está
fazendo referência “aos da circuncisão ” que
eram peritos em
criar leis e mandamentos (entolaiV).
TITO
1:15
panta kaqara toiV kaqaroiV toiV de
memiammenoiV kai apistoiV ouden kaqaron alla memiantai autwn kai o nouV kai suneidhsiV
No verso
15, contrariamente à decisão da comissão do NA27, é mais provável que men tenha sido empregado originalmente antes
de kaqara, o que é
sustentado pelos corretores
a² e D² e pela tradição bizantina .
A evidência externa
para a omissão de men, em
sua maioria ,
não é tão
antiga , tendo apenas
a* como o mais antigo , e A, C E D*. Como o texto de a tem uma correção , sua leitura original
é discutível .
A ausência
de papiros nos
faz recorrer às evidências
internas, as quais dão sustento a inserção
de men, por considerar o texto como um período de fortes contrastes ,
o que exige a presença
do conjunto men..de.
TITO
1:16
qeon omologousin eidenai toiV de ergoiV arnountai
bdeluktoi onteV kai apeiqeiV kai proV
pan ergon agaqon adokimoi
A conjunção
kai é omitida nas citações de Ambrósio e no a*, enquanto
que agaqon está ausente em a* e no 81. Essas variantes
não trazem nenhuma dificuldade
para termos certeza de que
o texto original ,
por suas
evidências internas exige a presença dos dois termos ; do contrário
a frase fica sem
sentido .
TITO
2:3
presbutidaV wsautwV en katasthmati ieroprepeiV mh diabo louV mh oi nw pollw dedoulwmenaV
kalodidaskalouV
O termo
ieroprepeiV (acusativo )
é substituído pelo dativo
ieroprepei/ em C, 33, 81, 104 e uma minoria oposta à tradição
bizantina , bem
como a totalidade
dos latinos , a siríaca peshito, a copta saídica e em
Clemente. Pelas evidências internas
podemos constatar que
esta troca consiste num erro
gramatical cometido pelos
escribas que
tentaram fazer a concordância
dos dativos katasthmati ieroprepei ao invés
da concordância dos acusativos
presbutidaV ieroprepeiV. Desde
o verso 2, Paulo costuma usar
os adjetivos sempre
concordando em caso ,
gênero e número
com presbutidaV o que ,
dificilmente seria diferente em relação ao
mesmo termo no verso 3.
TITO
2:4
ina swfronizwsin taV neaV fila ndrouV ei nai
filoteknouV
TITO
2:5
swfronaV agnaV oikourgouV agaqaV upotassomenaV toiV
idioiV andrasin ina mh o logoV tou qeou blasfhmhtai
Os manuscritos
a², D², H, 1739,
1881, Byz, e Cl preferem a leitura oikourouj “doméstica ” ou simplesmente
“as que ficam em
casa ”. Os manuscritos
a*A, C, D*, F, G, I, Y, 33 81 e
pc dão sustento a
oikourgouV, “as que
trabalham em casa ”.
O léxico em
língua portuguesa da editora Vida Nova refere-se aos dois termos como
sendo usado um pelo
outro, tanto no Novo Testamento
como no texto de Tito 2:5. Essa afirmação
é errônea, e baseia-se numa disputa não resolvida por
parte de alguns
autores que
preferem incluir tais
termos como
possíveis leituras
no texto . Com
base nas evidências
externas , o suporte
mais antigo
é para oikourgouV. As evidências internas do texto
também apontam para
esta variante , tendo em
vista que
as recomendações paulinas são para mulheres que
trabalham no lar , ordenando-lhes que façam isso muito bem .
TITO
2:7
peri panta seauton parecomenoV tu pon kalwn ergwn en th didaskalia afqorian
semnothta.
pantaV eauton
O
escriba usa a terceira
pessoa quando
deveria ser a Segunda ,
e emprega o acusativo
plural quando
deveria empregar o singular ;
panta eauton
O
escriba emprega erroneamente a terceira pessoa ;
pantaV seauton
O
escriba emprega erroneamente o acusativo plural ;
pantwn seauton
O escriba emprega
erroneamente o genitivo plural . Esta
variação ainda poderia
ser uma possibilidade no texto
de Tito, mas não
tem apoio da evidência
externa .
adiafqorian
Consiste
de uma variante muito
recente e aplica-se ao aspecto
moral , e não
seria consistente aplicá-la a ensino , como é o caso
do texto de Tito;
afqonian
Mesmo tendo um papiro (p³²)
a seu favor ,
esta variante consiste em
um erro visual que certamente foi transmitido para
outros documentos
mais recentes .
O significado desta variante
(“liberdade de inveja ”)
jamais faria sentido
no texto de Tito.
afqarsian
A inserção
desta variante foi um
ato deliberado do escriba ,
pois este termo não faz sentido no contexto
de Tito 2:7, tendo em vista que é mais um termo teológico
da escatologia paulina. Esta variante é notoriamente uma variante
de origem bizantina .
Sua evidência
externa é muito
recente .
TITO
2:8
logon ugih akatagnwston ina o ex enantiaV entraph mhden
ecwn legein peri hmwn faulon
TITO
2:9
doulouV idioiV despotaiV upotassesqai en pasin euarestouV
ei nai mh antilegontaV
Tendo em vista a
transposição verificada dos documentos A, D, P, 326, 1739, 1881 e alguns poucos
sem muita
relevância , e notando a sua modernidade em
relação à escrita
vista no texto ,
defendida por a, C, F, G, Y, e Mj, constata-se
a superioridade da opção
textual no NA27 tanto pela
antiguidade quanto
pela quantidade
de testemunhos a seu
favor .
No contexto do verso ,
a probabilidade maior ,
a qual é exigida pela
lógica do argumento ,
é que idioiV seja empregado com função
atributiva, o que exigiria a ordem idioiV despotaiV.
Há ainda no mesmo verso uma conjectura de pontuação diferente
do texto adotado pela
comissão , que
sugere o emprego de uma vírgula no seguinte
local :
upotassesqai, en pasin. Este emprego da vírgula
é uma incoerência , pois
não seria uma ordem
dada a escravos .
TITO
2:10
mh nosfizomenouV alla pasan pi stin
endeiknumenouV agaqhn ina thn didaskalian thn tou swthroV hmwn qeou kosmwsin en
pasin
1
mhde – em
C², D*, F, G, 33, pc syp
2 pasan endeiknumenouV pi stin agaqhn em F, G
3
pasan agaqhn pi stin
endeiknumenouV agaqhn em 629
4
pi stin pasan endeiknumenouV agaqhn em Y e Mj
5
pasan endeiknumenouV agaqhn em a*
6 pasan pi stin endeiknumenouV agaqhn em 33
7
thn didaskalian tou swthroV em 1739, 1881, Mj
· Quanto à variante
1, o escriba empregou mhde para não
repetir mh no verso 10, mas
fazendo isto incorreu num erro
gramatical , pois
o segundo mh (no v. 10) contrasta com alla, e não
com mh no verso 9. Sua evidência externa
é muito recente .
· Quanto às variantes
2, 3, e 4, a evidência externa é muito
fraca e recente ,
não tendo apoio
de documentos importantes .
· Quanto às variantes
5 e 6, elas constituem erros importantes .
Em a*o escriba
deixou a frase sem
sentido quando
suprimiu pi stin; e no 33 o escriba
cometeu dois erros
ao suprimir pi stin
e ao acrescentar agaqhn (o que possivelmente foi um
erro auditivo ).
· Quanto à variante
7, a omissão do artigo
thn muda completamente
a compreensão da expressão
“a doutrina , a que
é de Deus ” (thn didaskalian thn touqeou), para “a doutrina
de Deus ” (thn
didaskalian tou qeou). Com
a ausência do artigo, Paulo estaria
tratando apenas de teontologia; mas é evidente que o apóstolo
refere-se a toda a revelação
de Deus . A evidência
externa não
dá suporte muito
importante a esta variante .
Tito 2:11
Epefanh gar h cariV tou qeou
swthrioV pasin anqrwpoiV
A evidência externa indica que a
variante swthroV é
a mais antiga de todas, embora esteja em um manuscrito com correção. É possível
que o escriba tenha acrescentado i na variante swthroV.
A suspeita de que houve alguma melhoria na variante swthroV é que a variação dela (swthrioV) é uma variante Bizantina. O adjetivo swthroV é mais usado em Paulo para qualificar qeoV, do que cariV. Isso podemos deduzir do próprio contexto de Tito 2, no qual
encontramos a expressão θεou swthroV em 1: 3, 4; 2: 10, 13; 3: 4, dando a entender que o Apostolo
Paulo, possivelmente, usa swthroV para enfatizar o atributo salvador
do Pai e do Filho, e nunca da graça. Uma prova disso é que a expressão swthroV qeoV ou qeoV swthroV ocorre nas pastorais por oito vezes, e nenhuma com swthroV.
Tito 2:13
prosdecomenoi thn makarian elpida kai.
epifaneian thV doxhV tou megalou qeou kai swthroV hmwn Ihsou Cristou
Embora a evidência externa seja
fraca para determinar a melhor variante como sendo
Iesou Cristou - pois os
documentos são tardios e Bizantinos (a 2 A C D y 0278, 33.1881. M bat Sg; Cl Lf Ambst Epiph) -
a evidência interna indica que essa variante é o texto original do
apóstolo Paulo, pelo fato de podermos encontrá-la 23 vezes nas epístolas
pastorais (dez vezes em I Tm; onze vezes
em 2 Tm; e duas vezes em Tt). O estilo paulino é Ιησοῦ Χριστου
nas pastorais.
Tito 2:15
Tauta lalei kai. parakalei kai elegce meta pashj
epitaghV mhdeiV sou perifroneitw
Quanto a variante didaske, encontrada apenas no códice Alexandrino, sua evidência
documental não é suficiente para credenciá-la como uma leitura original. Já no
caso da variante katafponeitw. A evidência externa é de segunda
ordem, limitada apena ao códice (025) P e em poucos manuscritos de pouco valor
documental que diferem da tradição Bizantina. Os dados apontam para o fato de
que o verbo katafponew é paulino (Rm. 2.4; 1 Cor. 11.22; 1 Tm. 4.12, 6.2), enquanto perifronew aparece unicamente (segundo NA27)
em Tito 2.15. Como não provas de que uma variante, é mais seguro sugerir que a
evidência externa é decisiva em determinara a originalidade de perifronew .
Tito 3:1
Upomimnh|ske auvtouV arcaiV
exousiaiV upotassesqai peiqarcein proV pan ergon agaqon etoimouV einai
Este
texto nos apresenta duas possíveis leituras. A primeira com a adição da
conjunção kai,
variante caracteristicamente bizantina. A segunda omite kai,
tornando arcaiς exousiaiς
como um único grupo. Esta última se firma no argumento de que Paulo, por não
ter empregado kai após os
infinitivos seguintes do mesmo texto, possivelmente não a empregou também entre
arcaiς exousiaiς dando-nos a entender que o apóstolo pretendia
dizer “aos que governam as autoridades”. Embora à evidência externa aponte a
leitura arcaiς exousiaiς
como sendo a mais antiga, é provável que Paulo não a tenha empregado.
A
leitura original parece ter sido arcaiς kai
exousiaiς, pois encontramos essa variante em
Ef. 3.10 e Col. 2.15, embora essas duas ocorrências se apliquem a forças
espirituais. É possível, pois, que o escriba tenha acidentalmente omitido a
conjunção kai
na variante arcaiς kai
exousiaiς na hora em que estava transcrevendo o
texto.
Quanto
às variantes de substituição kai peiqarcein e peiqarcein kai não há
evidência externa ou interna confiável que Paulo não tenha empregado a
conjunção kai nessas
variantes.
Tito 3:3
Hmen gar pote kai hmeiV anohtoi
apeiqeiV planwmenoi douleuonteV epiqumiaiV kai h`donaiV poikilaiV en kakia kai
fqonw diagonteV stughtoi misounteV allhlouV
A
inserção de kai neste texto é improvável, tendo em vista que
Paulo, aqui, parece está listando as perversões gentílicas de quando ele e
todos os outros crentes inda não tinham sido transformados pelo evangelho.
Apenas
um manuscrito grego de primeira ordem sustenta a inserção, apoiado pela
tradição latina.
Tito 3:5
ouk ex ergwn twn en dikaiosunh a
epoihsamen hmeiV alla kata to autou eleoV eswsen hmaV dia. loutrou paliggenesiaV
kai. anakainwsewV pneumatoV agiou
A variante wn é,
indubitavelmente uma variante bizantina. Não há qualquer documento antigo que
sustente tal variante, a não ser a própria tradição bizantina. O estilo
bizantino pode ser percebido no tipo de conexão gramatical detalhada, no qual o
conector está preocupado com a concordância do pronome relativo wn com
o substantivo ergwn, ambos no genitivo
plural. Este tipo de conexão é caracteristicamente bizantino, não podendo
corresponder ao texto original.
Quanto
ao de dea, a evidência
interna não esclarece, sendo possível o emprego dessa preposição, embora
indubitavelmente a evidencia externa o reprove.
Tito 3:7
ina dikaiwqenteV th ekeinou cariti
klhronomoi genhqwmen kat elpida zwhV aiwniou
A
dificuldade com as variantes genhqwmen e genwmeqa é
saber se a variante desse texto baseada em motivação teológica. Enquanto genhqwmen dá ênfase a não participação do homem na
benção de tornar-se um herdeiro, genwmeqa aponta
na direção arminiana, na qual o homem é participante ativo na aquisição do
titulo de herdeiro. Como a variante genwmeqa é
bizantina, e recente, é bem provável que estejamos diante de uma variante
teológica. A melhor leitura, portanto, é genhqwmen, sustentado
por uma evidencia textual mais antiga.
Tito 3:8
PistoV o logoV kai peri toutwn
boulomai se diabebaiousqai ina frontizwsin kalwn ergwn proistasqai oi
pepisteukoteV qew tauta estin kala kai wfelima toiV anqrwpoiV
A
variante ta é uma
variante bizantina. É de natureza teológica, com a qual os escribas bizantinos
tentaram dar um grau de importância maior às coisas referidas por Paulo no
capitulo 3: 1-7. Pela evidencia externa não há documentos antigos que deem
sustentação a esta variante, sendo a mesma encontrada apenas em documentos
bizantinos posteriores ou recentes. Além disso, é duvidoso que Paulo tenha
selecionado apenas as coisa referidas em 3: 1-7 como sendo os únicos e úteis
para a vida cristã, considerando uma lista muito maior nas suas epistolas
pastorais.
Tito 3.9
mwra.V de zhthseiV kai genealogiaV
kai ereiV kai. macaV nomikaV periistaso eisin gar anwfeleiV kai mataioi
Temos aqui duas variantes de
substituição. A primeira delas, logomaciaV encontrada apenas nos manuscritos F
e G, é, claramente, uma harmonização
com 1 Tm. 6.4, não sendo a leitura original. A segunda variante sugere que
algum escriba tenha adicionado ereiV, plural, para concordar com as
outras palavras antes e depois, que também estão no plural. Isso é improvável,
pois, ao escrever sua carta, Paulo usaria termos mais abrangentes, que por sua
vez teriam que ser no plural. A evidência externa para ereiV é esmagadora, embora erin esteja no manuscrito mais antigo corrido, a*. Portanto ereiV tem mais sustentação para ser a leitura original.
Tito 3.10
airetikon anqrwpon meta. mian kai
deuteran nouqesian paraitou
A variante predominante neste texto é de ordem
das palavras, com pouca evidência externa em desacordo com a tradição do NA27. Embora os pais da
igreja (Irineu, Tertuliano, Cipriano e Ambrosio) tenham feito opção por apenas
uma advertência do homem faccioso, as tradições manuscritológicas mais antigas
trazem a ideia de que Paulo ordena duas admoestações, o que é largamente
defendido pelas tradições manuscritológicas mais antigas, incluindo a tradição
bizantina. A evidência externa é esmagadora, embora não tenhamos um texto
bíblico de Paulo além de Tito 3: 10 que o fundamente mais ainda.
Tito 3.13
Zhnan ton nomikon kai Apollwn spoudaiwV propemyon ina mhden autoiV leiph
È
possível que a variante pretendida por Paulo tenha sido leiph (presente do subjuntivo) pelas seguintes
razões: O escriba poderia ter alterado leiph por liph da seguinte maneira:
1. O “e” poderia esta em péssimo estado, de tal maneira
que o escriba se deteve apenas no “i”.
2. O escriba pode ter saltado mentalmente do “l” para o “i”, esquecendo
o “e”;
3. Possivelmente a mente paulina de visão
missionária estivesse pensando em um “estado” de suprimento das necessidades
dos enviados, e não apenas de um momento de necessidade suprida; isso
requereria o emprego do presente subjuntivo, e não o aoristo.
4. A evidência externa da pouca fundamentação
ao aoristo subjuntivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário